segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Humanos têm 'salto' de envelhecimento aos 44 e 60 anos, sugere estudo

 Um estudo recente publicado na revista Nature apresenta uma perspectiva inovadora sobre o processo de envelhecimento, desafiando a noção comum de que este ocorre de maneira linear e gradual. De acordo com a pesquisa, há dois momentos críticos no ciclo de envelhecimento: aos 44 e 60 anos, períodos caracterizados por explosões significativas no processo de senescência, com aumento da predisposição ao surgimento de rugas, desenvolvimento de certas doenças e redução do metabolismo. A metodologia empregada envolveu a análise de milhares de moléculas em uma amostra de 108 indivíduos, com idades variando entre 25 e 75 anos, residentes na Califórnia, EUA.


Os pesquisadores observaram um padrão consistente nas moléculas analisadas, identificando essas duas idades-chave como marcos no envelhecimento. Para a realização do estudo, os voluntários forneceram amostras biológicas que incluíam sangue, fezes, pele, além de muco nasal e oral, ao longo de um período que variou entre 1,7 e 6,8 anos. No total, foram analisadas 5.405 amostras biológicas e aproximadamente 135 mil moléculas diferentes, abrangendo RNA, proteínas e metabólitos, assim como microrganismos presentes no corpo humano.

 Mudanças aos 40 anos

 O pico do envelhecimento observado na faixa dos 40 anos surpreendeu os pesquisadores. Inicialmente acreditava-se que as mudanças abruptas nessa faixa etária estavam relacionadas à menopausa; no entanto, essa hipótese foi rapidamente refutada ao se constatar que homens também apresentavam um pico semelhante. A primeira explosão de mudanças está associada principalmente ao aumento da suscetibilidade a doenças cardiovasculares e à diminuição da capacidade de metabolizar substâncias como cafeína, álcool e lipídios. Além disso, as moléculas ligadas ao envelhecimento da pele e dos músculos também se manifestam durante esses dois períodos críticos.

 Envelhecimento aos 60 anos

 Na segunda fase do envelhecimento acelerado, observam-se alterações relacionadas à regulação imunológica, ao metabolismo de carboidratos e à função renal. Também há um aumento significativo no risco de desenvolvimento de doenças como Alzheimer e outras condições cardiovasculares, corroborando evidências de pesquisas anteriores. Embora o estudo sugira a possibilidade de um terceiro pico de envelhecimento por volta dos 78 anos, a abrangência da pesquisa atual não foi suficiente para validar essa hipótese, demandando investigações adicionais. Os resultados obtidos até o momento têm potencial para fundamentar intervenções mais eficazes no processo de envelhecimento, como a promoção da atividade física nos períodos em que há maior perda muscular. Vale ressaltar que as evidências observadas podem ter sido influenciadas por padrões comportamentais dos participantes do estudo.

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